Conheça todo o Ecopolis Antonina


OS DESAFIOS PARA ANTONINA
O município de Antonina situa-se no litoral norte do Paraná, a beira da Baía de Paranaguá, distante 80 km de Curitiba, de importância histórica é uma das cidades mais antigas do Estado. Possui uma população de aproximadamente 18000 habittantes. Apresenta grau de urbanização de 85% e um índice de desenvolvimento humano de 0,77.
Localizada em uma região estuarina sempre teve sua economia condicionada à atividade portuária, a ponto de, no início do século XX, o Porto de Antonina ter sido considerado o 4° maior porto exportador do Brasil. A agricultura, silvicultura, pecuária e pesca têm uma grande representatividade no município sendo, segundo IPARDES 2011, atividades que possuem uma das maiores parcelas da população economicamente ativa. Outra atividade econômica de considerável relevância é o turismo, Antonina é conhecida em todo Estado pelo seu famoso carnaval que conta com bailes públicos, concursos de fantasias, desfiles de escolas de samba e apresentação de blocos carnavalescos, chegando a atrair cerca de 35 a 40 mil foliões por dia.
O município possui mais duas grandes festas tradicionais, o Festival de Inverno que é realizado todo ano no mês de julho pela Universidade Federal do Paraná e que em 2012 chega a sua 22ª edição e, também a Festa de Nossa Senhora do Pilar, padroeira de Antonina. O turismo gastronômico atrai todos finais de semana visitantes a cidade que vêm em busca de pratos tradicionais como o Barreado. A cidade é detentora de um grande patrimônio cultural e natural, Antonina foi tombada como patrimônio histórico nacional pelo IPHAN no início deste ano, a área tombada materializa os processos de ocupação territorial no Sul do Brasil, particularmente no Paraná, e está diretamente ligada ao primeiro ciclo de exploração do ouro no país, a extensão do tombamento compreende o centro histórico da cidade e o complexo das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo (IRFM). A cultura caiçara expressa em sua culinária e manifestações culturais como fandango também faz parte deste patrimônio. Situada em meio ao maior remanescente contínuo de Floresta Atlântica, que representa o segundo bioma mais importante do Brasil,grande parte do seu território encontra-se dentro da Área de Preservação Ambiental (APA) de Guaraqueçaba, unidade de conservação criada em 1985 com objetivo de conservar estes ecossistemas.
Dentro do contexto supracitado Antonina ainda esbarra em alguns obstáculos para o seu desenvolvimento, apesar das diversas potencialidades apresentadas pelo município a falta de integração e planejamento fazem com que este desenvolvimento seja descontínuo e não sustentado. O desafio se faz ainda maior quando em meio a esta situação nos deparamos com a vulnerabilidade ambiental da região que, em 2011 sofreu com uma grande enchente e inúmeros deslizamentos em seus morros urbanos, deixando milhares de famílias desabrigadas e aumentando o assoreamento da baía. O workshop e seminário tratarão de temáticas transversais a vulnerabilidade deste território e ligadas as especificidades locais.

Atividade Portuária
Apesar do grande histórico portuário do município, o Porto de Antonina paralisou e retomou suas atividades por diversas vezes ao longo do século passado, criando no imaginário popular uma identidade cultural de constante luta pelas atividades portuárias como fonte de renda e salário para a população. Atualmente o porto é formado por um terminal em operação e dois desativados: o Terminal da Ponta do Félix que opera com cargas gerais e congelados, e conta com calado (capacidade máxima de cargas do navio) para 9,5m de profundidade; o Terminal do Matarazzo e o Terminal Barão de Teffé, o porto público que após a década de 70 tem sido uma eterna promessa política de revitalização para a classe trabalhadora de Antonina.
Discussões em torno da revitalização do porto são constantes principalmente agora motivados pela descoberta de novas reservas de petróleo encontradas na camada de Pré-Sal do litoral brasileiro e a possibilidade da existência de petróleo no mar territorial do Paraná, e a perspectiva da instalação no município da empresa italiana TECHINT que constrói e monta plataformas para extração de petróleo offshore, gerando pelo menos 1500 empregos diretos.
Com isto se faz necessária a discussão sobre a vocação portuária do município, Antonina possui um sério problema de assoreamento na baía agravado pelos deslizamentos, que ainda persistem, ocasionados pelas grandes chuvas de março de 2011. Com o assoreamento a atividade portuária perde competitividade pois com uma menor profundidade muitos navios que operam comercialmente não conseguiriam chegar ao porto. Uma das soluções discutidas incesantemente é a dragagem, mas que hoje com mudanças na lei (Resolução CONAMA 420, antiga 344) que permite no Paraná áreas de disposição do sedimento além da Ilha do Mel, torna esta solução ainda mais cara.
Outro fator que deve ser considerado quando falamos da expansão da atividade portuária é a logística, não só o transporte por mar mas também o transporte por terra. Qual impacto traria aos municípios de Morretes e Antonina o aumento de fluxo de caminhões? Qual a capacidade da malha ferroviária para o transporte destas cargas? Seria necessário construir outra estrada?
Turismo e Patrimônio
Antonina possui um grande potencial turístico, seja por sua arquitetura, cultura ou beleza natural, porém o fluxo de turistas é sazonal, concentra-se nos meses de fevereiro/março (carnaval), julho (Festival de Inverno) e agosto (Festa da Padroeira). A cidade tem potencial para de ter um fluxo contínuo de turistas, principalmente estar próxima a capital.
Um fato que afastou por um período os turistas foram as chuvas de março de 2011 que causaram enchentes e deslizamentos em vários municípios do litoral paranaense deixando o mesmo isolado. Antonina foi mais afetada por deslizamentos. Iniciativas de diversos grupos e empresários mudaram pouco a pouco este cenário e impulsionaram a atividade, mas não necessariamente, tornaram esta situação permanente.
Antonina é lembrada pela sua rica biodiversidade, o complexo estuarino, a serra, encontrar-se em meio a Floresta Atlântica sempre foi um atrativo, todavia o ecoturismo no município é incipiente.
O tombamento de Antonina como patrimônio histórico nacional também pode ser outro fator de atravidade: Mas como utilizar o tombamento como um diferencial turístico da cidade? A restauração do Centro Histórico e do Complexo Matarazzo podem impulsionar o turismo? Como fazer esta restauração? O tombamento permite que o município acesse recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) das cidades históricas. Como conseguir e utilizar este recurso?
Cabe aqui também refletir sobre como fortalecer o turismo no município tendo uma oferta contínua, diferenciada e diversificada. Torná-lo competitivo desenvolvendo suas potencialidades e integrando esta oferta a outros destinos procurados como Ilha do Mel e Morretes.
Agricultura, Pesca e Extrativismo
No que diz respeito e agricultura e o extrativismo, no passado o município foi grande produtor e exportador de banana mudou suas práticas produtivas e dinâmicas sociais após a Crise da Banana durante o perído dos anos 40 a 60. Com a crise houve o primeiro grande fluxo migratório para zona urbana da cidade. Nesta época aumentou a extração do palmito. No início da década de 70 políticas públicas de incentivo ao estabelecimento de atividades agro-florestais e a pecuária, abertura da BR-277 e PR-405, estimulou o estabelecimento de grandes latifúndios no litoral do Paraná, especulação fundiária e o desmatamento da Floresta Atlântica. Dentro deste período houve uma grande marginalização de pequenos agricultores e a intensificação dos conflitos agrários. Em meados da década de 80 a região foi de um extremo ao outro, para barrar a degradação ambiental concomitante a pressão da sociedade preocupada com a extinção da Mata Atlântica, em 1985 delimitou-se a APA de Guaraqueçaba, englobando todo o município, que leva o mesmo nome, e mais parcelas dos municípios de Campina Grande do Sul, de Paranaguá e de Antonina.
As leis ambientais limitaram a produção e inviabilizaram a competitividade dos produtos locais no mercado. Todo este contexto aumentou ainda mais a pobreza na área rural de Antonina, causando mais uma vez um fluxo migratório a área urbana do município.
A atividade pesqueira foi intensificada em função do aumento quantitativo de pescadores, uma vez que os antigos agricultores, ao perderem suas terras, passaram a fazer do mar sua principal fonte de subsistência. Contudo, não ascenderam da condição de pescadores artesanais empobrecidos, uma vez que este tipo de pesca não consegue competir com a pesca industrial realizada em Santa Catarina e São Paulo. A sobrepesca, o assoreamento e a poluição diminuíram o volume de pescado na baía, obrigando os pescadores a procurarem outras atividades. O palmito tornou-se uma opção econômica de sobrevivência, entre outros extrativismos relacionados a plantas medicinais, bromélias, samambaias, orquídeas e animais silvestres. Atualmente a agricultura e preservação caminham para um ponto de equilíbrio,na zona rural projetos procuram fomentar práticas agrícolas sustentáveis com princípios agroecológicos, preservando as APPs (Áreas de Preservação Permanente) dando um uso adequado ao solo amenizando os problemas com o assoreamento.
Por outro lado a pesca continua em declínio, é muito comum encontrar peixarias na cidade vendendo peixes provenientes de Santa Catarina, uma atividade que representa a identidade da região está desaparecendo, grande parte dos filhos de pescadores não seguem o ofício do pai.
O êxodo rural também persiste, Antonina apresentou no ano de 2011 um déficit populacional nesta zona de 1,64%, este índice é explicado principalmente pela partida dos jovens que não tendo perspectivas deixam de viver nestas áreas.
Com as mudanças que enfrentamos atualmente, isto é facilmente justificado, somos uma sociedade dinâmica e globalizada, o isolamento e a falta de infra-estrutura fazem com que o êxodo de jovens se intensifique.
Como viabilizar a agricultura? Quais são as alternativas para que o pescador não perca sua forte relação com o mar? Como fazer com que este jovem permaneça no campo? Como fazer com que gerações futuras continuem com atividades tradicionais como a pesca? Como fomentar o empreendedorismo para que se reinvente o modelo de desenvolvimento para o campo? E o modelo de desenvolvimento para pesca?
Ocupação Urbana
Ao longo da orla marítima, no município de Antonina, os manguezais foram aterrados e no lugar surgiram bairros caoticamente urbanizados. A população se multiplicou e as moradias subiram as encostas dos morros, dando origem a novos bairros sem qualquer planejamento urbano.Os veranistas encontraram a possibilidade de terem a baixo preço uma casa para veraneio em frente às belíssimas baías de Antonina e Guaraqueçaba. O posseiro vendeu, para o veranista, a sua posse em frente ao mar, espaço fundamental para a atividade pesqueira, e também subiu as encostas dos morros. O novo proprietário cercou o terreno e o pescador, perdendo o espaço para alojar a sua canoa e as suas redes, viu inviabilizadas as suas condições de trabalho e acabou por perder, inclusive, seus meios de trabalho.
A ocupação desordenada teve sua resposta em março de 2011 onde ficou clara a vulnerabilidade em que se encontram muitas casas no município de Antonina. O monitoramento e um plano de gestão para estas áreas surge como necessidade urgente, a avaliação e criação de novos métodos também. Principalmente quando se fala em expansão das atividades econômicas e a vinda de grandes empresas para o município, isto aumentará a especulação imobiliária e a ocupação de diversas áreas. Para o desenvolvimento local ordenado, equilibrado e de longa duração faz-se necessária a reflexão sobre todos estes temas, o envolvimento da comunidade para o planejamento de ações coerentes aos objetivos do desenvolvimento almejado encontrando a vocação do município dentro destas realidades.
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